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Salve a vida!

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Estamos em abril de 2020. Há mais de 30 dias, só saio de casa para ir ao mercado e na farmácia. Nunca, nem nas minhas piores projeções de crise, imaginava algo parecido. Parece filme, mas não é.

"A pandemia é como o colapso climático", diz Eliane Brum, num texto recente. E continua, "é tão grande que o nosso cérebro não abarca de uma vez. Mas a cada dia entendemos um pouco mais do que vivemos".

Neste momento do ano, já estaríamos nos últimos preparativos para a Feira do Livro e outros tantos projetos já estariam acontecendo. Tudo planejado, quando o vírus apareceu e esculhambou nossos planos, nos virou do avesso e nos obrigou a repensar a vida, a nossa e as de todos neste mundo.

Dependemos muito mais uns dos outros do que julgávamos. E a Aldeia Global ganhou outro significado. Não importa a distância entre a minha casa e a casa de um morador do outro extremo do mundo. O que eu faço, o que ele faz tem impacto na vida de todos nós. O lixo que eu produzo, o esgoto a céu aberto de algum povoado de algum lugar do mundo, o desmatamento na Amazônia, o desrespeito aos povos guardiões da floresta, a fome aqui e na África. Tudo tem uma ligação muito maior que supúnhamos.

E esse "serzinho" invisível, sem a menor cerimônia, chega e joga isso tudo na nossa cara. A vida neste planeta depende da ação conjunta de todos que nele vivemos. Aprendemos, ou estamos aprendendo (eu espero), da pior forma, que certas lógicas de crescimento e modelos de economia a qualquer custo deverão ser repensadas. Já tem países pensando nisso, coincidência ou não, liderados por mulheres. Muitas revoluções em curso! Teremos muitas responsabilidades daqui para a frente.

A começar entendendo que contribuir com o comércio local, comprando menos pela internet e mais no mercado, na farmácia, nas lojas da nossa cidade ajuda a nos fortalecer também. E isso sendo feito em cada cidade, fortalece a todos. Não estava e continuo sem entender por que precisamos importar máscaras de proteção da China! O mundo depende de um sem número de produtos que é produzido lá e que não tem condições de atender a todos ao mesmo tempo. E estão todos pendurados no mesmo galho. A gente precisa incentivar a economia sustentável, e isso significa levar em conta tudo que essa palavra - sustentabilidade - envolve.

Em tempos de isolamento, tenho lido de tudo - buscando fontes confiáveis em primeiro lugar. E tenho feito também muitas leituras leves, como o momento exige. Cuidar da mente faz parte do esforço para manter a saúde. Para terminar este texto, quero dividir com vocês um livro oração, que une amor e humor para espantar a negatividade. Chama-se Ave Alegria, da escritora Sylvia Orthof:

"Ave alegria, cheia de graça, o amor é contigo, bendita é a risada e a gargalhada. Salve a justiça e a liberdade! Salve a verdade, e a delicadeza e o pão sobre a mesa! Abaixo a tristeza! Ave Alegria! Ave paisagem verde-verdura e a beleza da natureza! Bendita seja! Ave a pastora do pastoril! Salve o pastor, ave a flor, fruto e semente! Ave a criança, pessoa-gente! Ave o boi do boi-bumbá! Salve a burrinha que veio bailar! Ave os três reis que tem três raças! Ave a igualdade e a alegria, cheias de graças! Ave o rei negro e o negro rei, e a realeza de um judeu! Ave o rei branco e o branco rei! Ave o homem, ave a mulher, sempre rainha! Ave o índio, a indiazinha! Ave o amarelo oriental! Ave a igualdade racial! Ave alegria, cheia de graça! Pois numa taba de uma aldeia nasceu agora uma criança. Ave a criança, que nela eu creia! Ave o gesto de quem semeia! Ave a terra bem dividida! Agora, é a hora da nossa Vida!".

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